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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PARTEIRAS CORREM O RISCO DE EXTINÇÃO NO RN

Por Erta Souza, da redação do Diário de Natal 

"É muito emocionante poder colocar uma vida no mundo. A alegria de ver uma criança nascer é indescritível". A declaração emocionada é da parteira Francisca Canela da Silva, que aos 61 anos de idade e mais de 40 de profissão, perdeu as contas de quantos bebês viu nascer. A técnica ela conta que aprendeu com a mãe, que por sua vez também havia herdado da avó de dona Francisca.

Para o Ministério da Saúde as parteiras são aquelas que prestam assistência ao parto domiciliar baseadas em saberes e práticas tradicionais e são reconhecidas pela comunidade. Normalmente, essas mulheres adquirem suas aptidões realizando partos por conta própria ou após aprender o ofício com outras parteiras, normalmente, mães, avós, sogras e comadres. Em geral, são movidas pelo sentimento de solidariedade ou, até mesmo, necessidade da falta de acesso ao serviço público. A dona-de-casa Francisca Rodrigues da Silva, 53 anos, conhece a parteira Francisca de Extremoz desde os tempos em que moravam em Macau. A parteira fez o nascimento de dois dos seus cinco filhos. Seu segundo filho, Roberto, atualmente com 36 anos, foi o terceiro bebê que nasceu sob os cuidados da parteira na Maternidade de Macau. O reconhecimento das mulheres serve como uma espécie de estímulo para a parteira que diz apenas exercer sua vocação. Francisca, a mãe, tornou-se amiga de Francisca, a parteira, e passou a admirá-la. As duas se reencontraram anos depois quando a parteira foi trabalhar na Maternidade de Extremoz. "O trabalho das parteiras deve ser muito reconhecido, pois são elas que atendem as gestantes quando a cidade não tem médico naquele momento", sugere. A dona-de-casa Maria Antônia Serafim da Silva, 35 anos, moradora da Comunidade Malvina, em Extremoz, começou sentir as contrações do parto e foi encaminhada para Natal, porém Suelene, hoje com 13 anos, resolveu nascer no distrito industrial de Extremoz. "A minha sorte é que a parteira me acompanhou porque a menina nasceu no meio do caminho. Depois ela me levou para a maternidade e deu tudo certo", disse. Mesmo tendo convivido com a técnica desde a infância quando a mãe, duas tias e duas irmãs também eram parteiras, Francisca Canela é taxativa ao afirmar que a técnica secular está sendo extinta aos poucos no Rio Grande do Norte. A análise empírica de Francisca é baseada no desaparecimento das parteiras mais antigas e no avanço das técnicas da medicina que seduzem cada vez mais um número maior de mulheres que optam em dar a luz "de forma mais cômoda". A avaliação da parteira é confirmada se for levado em consideração o número de mulheres encaminhadas diariamente aos hospitais e maternidades das cidades circunvizinhas e até mesmo de Natal, vindas dos municípios mais longínquos do estado. O número é absurdo. Na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), referência em gravidez de alto risco, por exemplo, metade das mulheres que dão à luz na unidade residem no interior do estado. O dado é praticamente o mesmo no Hospital Dr. José Pedro Bezerra, conhecido como Santa Catarina, Zona Norte de Natal, que registra uma média de 45% a 50% dos partos de gestantes vindas do interior do RN. Inaugurada há mais de dois anos, a Maternidade e Pronto-atendimento Professor Leide Morais já contabiliza que uma média de 20% dos partos feitos na unidade são de mulheres de outros municípios do estado. Os números mostram a falta de infraestrutura e desaparelhamento dos hospitais do interior do estado para receber suas próprias gestantes que terminam sendo encaminhadas às grandes cidades para dar a luz. Porém, outra situação deve ser levada em consideração: a falta de estímulo para que as parteiras tradicionais possam continuar desenvolvendo seu ofício que, na opinião de Francisca, é vocação mesmo.

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